terça-feira, 28 de agosto de 2012

Crónicas de Uma Mente Insana - Episódio 3 - Fraca

Sinto-me triste, sem palavras, presa.Estou presa na minha cabeça, presa na minha consciência.
faço coisas que não dou por mim a fazer, digo coisas que depois nem me lembro de dizer.
Sinto-me desorientada, sem rumo, incompleta, quase acabada. Estou cansada. 
Não durmo bem à noite, e quando durmo tenho pesadelos ou acordo a meio da noite como se alguém me observasse.
Sinto-me como se o melhor que podia fazer fosse tornar-me numa boneca sem vida. Tento recordar-me passo a passo de certos momentos e nenhuma imagem me socorre.
Doí-me a cabeça e estou farta de mim mesma. Quero dormir, esquecer, quero que pare de doer, quero que me compreendam mas também me custa a falar.
Muitas vezes sou fútil, mas também, quem não o é às vezes?
Tenho momentos em que quero apagar-me para o mundo, para deixar de fazer sofrer, para acabar com a dor do saber.
Os meus olhos ardem das lágrimas derramadas e o meu corpo dá de si. Não mereço valor. Não mereço quem tenho a meu lado. Não mereço.
Por fim, sei que não há mais nada a fazer senão viver e aprender. Tenho medo de magoar quem amo. 
Sinto-me cansada.
Sinto-me FRACA.


Diana Silva - 27.08.2012 21:36h Seg.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Crónicas de Uma Mente Insana - Episódio 2 - Insónia

Por vezes sonho com algo que não parece fazer qualquer sentido, mas que no final acaba por ser a última peça do puzzle.
Pesadelos, Memórias, Sonhos Premonitórios ou até mesmo Visões.
estou completamente alterada e sinto-me afastada de mim mesma.Não sei quem sou.
Drogas que a muitos proporciona um bem estar de espírito e alivio da rotina quotidiana, dos seus problemas. Não tenho a minha droga comigo, faltas-me tu.
A partir de onde estou, na cama improvisada no chão, fungo o nariz dos espirros devido a encontrar-me semi-nua.
Engraçado...
Sempre me senti assim - Semi-Nua - incompleta.
Escutei os sinos e penso em prender os cabelos enquanto relembro das quatro badaladas da matina. O meu cabelo é desobediente, assim como o meu cérebro que teima em declarar guerra aos meus olhos e ao meu descanso. 3 anos.
Possui-me agora uma dor de cabeça, leve como um suspiro, no entanto presente.
A janela está aberta e os estores quase fechados, descobrindo na mesma entre si e o parapeito, uma brecha.
A televisão deu o seu característico estalido e a minha unha continua a açoitar o ecrã do telemóvel, a minha única luz. A minha visão enquanto a minha caneta rabisca no papel e os meus ouvidos têm medo do que escutam.
Um bater incessante nas paredes...
Vêm para me buscar? Ou encontro mais um dia?
Que Loucura.
Que INSÓNIA. 

Diana Silva - 20.08.2012 04:08h Seg.

domingo, 19 de agosto de 2012

Crónicas de Uma Mente Insana - Episódio 1 - Insanidade

Deu-se a transformação na minha mente, um estado debilmente tresloucado.
Olhos demoníacos que me perseguem, que me observam, penetrantes, expectantes, à espera de uma oportunidade de entrar.
A Noite é como uma brecha no Silêncio da minha loucura e as imagens que me ultrapassam deixando um rasto de memórias, demoram-se cada vez mais... até chegarem mesmo a parar.
O espelho reflecte apenas um corpo, move-se, brinca, sorri, mas é só isso. Não está vivo. A Alma não Vive.
Nos cantos escondidos e emaranhados da minha consciência, sobrevive a humanidade. E as histórias, as suas palavras, são como cânticos antigos.
O Negro do Universo, as pequenas estrelas, a enorme Lua... deixa-me divagar. A Lua... o brilho não é o seu pois não? O seu brilho provém através do Sol. 
Onde está o meu Sol? O meu brilho não é o meu porque vivo a partir de outros.
A Obscuridade da minha faceta... Paranóia.
Sinto-me a ser perseguida, constantemente observada e aprisionada no canto recôndito da mente, na minha insanidade.
Normal-Nunca.
Bipolar-Aposta Nisso.
Duas pessoas numa mesma e única mesa, Duas pessoas a segurar uma única e mesma caneta. Duas... Duas... No entanto apenas um meio de respirar através de Dois Pulmões.
Confusão?! Muita.
Sou debilmente terrorífica.
Sou terrivelmente INSANA.   

Diana Silva - 18-08-2012 23:47h Sáb.

domingo, 12 de agosto de 2012

"No Encalço da Morte" - Excerto


Prefácio
Ficariam espantados se conhecessem o verdadeiro mundo como eu o conheço. Um mágico sobrenatural aterrador e ao mesmo tempo de um fascínio horrendo que ninguém pode imaginar sequer.
Tudo começou quando na minha terra Natal se gerou uma espécie de apocalipse, mas eu sabia por instinto que ainda não tinha acabado. As pessoas foram desaparecendo cada vez mais frequentemente, fugiram-nos pelos dedos os entes mais queridos e ainda mal conhecíamos o mundo como deve ser. Em pequena quando tinha por volta dos meus doze anos já tinha uma ligeira noção do que devia estar a acontecer, contei aos meus pais mas todas as pessoas gozaram comigo alegando que eu tinha uma imaginação muito fértil, e uns meses depois veio-se a comprovar que eu estava correcta. Estávamos na presença de animais como nunca antes tínhamos visto, e estes quase extinguiram a nossa espécie. Batalharam sobre as ruas sem medo e eu que por todas as histórias que conhecia nunca pensei que existissem mesmo.
Não são humanos, mas também não são deuses. São belos, isso sem dúvida mas da minha parte só eram belos para os olhos dos outros que os veneravam sem pensarem. Junto a mim tinha uns poucos, que também salvaguardavam a sua sanidade, enquanto permanecíamos presos a uma vida de escravidão. Mantinham-nos presos e eu fora apanhada no início dos tempos durante uma emboscada. Já se tinham passado cinco anos, e durante esse tempo esquecera-me por completo de como era, sentir o sol, a erva nos pés descalços, o cheiro do orvalho de manhã. Não guardava qualquer espécie de memória do exterior nem desse tipo de felicidade, apenas queria sair dali juntamente com o meu grupo e enquanto não o fazia tentava incumbir juízo na cabeça dos outros.
Perguntam-se porque nos mantinham presos? Por uma razão muito simples. Esta espécie não estava disposta a perder o seu alimento e por isso guardavam-nos e faziam com que procriássemos como se fossemos míseros porcos e cada vez que me recordava disso o estômago contorcia-se e os vómitos vinham-me á boca. Ali naquele buraco, não tínhamos condições mas alimentavam-nos frequentemente, para que nos mantivéssemos fortes e saudáveis e eu gostava de os contradizer. Odiava-os mais que tudo, provocavam-me pesadelos de noite, quase fiquei daltónica pois era pouca a luz e já não sabia o que era estar na presença de cores berrantes e belas, sobretudo da minha favorita, mas quando a colocava nestes termos questionava-me como poderia gostar de algo que não me recordava? E aquilo de que me recordava bem era de quando eles mataram os meus pais e me deixaram com a minha irmã mais nova nos braços. Cuidei dela o tempo todo, nunca a larguei e quem fosse para a tocar sofreria. Fiz questão que nunca lhe faltasse nada, no entanto sempre soube que o mais importante lhe faltaria, conhecimento sobre o mundo exterior e eu não lhe poderia dizer nada com dezassete anos de vida. Tinha plena consciência que ela era cinco anos mais nova que eu e a idade dos porquês tinha passado á pouco tempo, transmiti-lhe uma verdade pura e dura mas ela não me deixou de ouvir. Deixei de parte o facto em que as mulheres morriam aos quarenta anos e os homens que diferenciavam entre os cinquenta e os cinquenta cinco, pois dependia da maneira da procriação, começavam aos vinte e depois nunca mais paravam, e eu enraivecida assistia a tudo mas sempre protegendo o olhar da minha irmã contra esse tipo de perversidade.
Com esta espécie não se brinca e quando tentei fugir pela primeira vez tentaram fazer com que me arrependesse mas nunca lhes dei essa satisfação. Oh, infligiram-me dor… sim, fizeram-me guinchar, mas nunca mais que isso, não o permiti. Tinha um corte na parte direita na cara e a dor era a única coisa que me fazia recordar de que ainda vivia, não era masoquista, não a adorava, nem pedia ou fazia para que recebesse mais, simplesmente saboreava o sabor da frustração que lhes dava.
Para além da companhia da minha irmã, tinha a companhia do meu primo e este mais velho tinha vinte e dois anos, já tinha concebido filhos com inúmeras mulheres e da sua parte tinha muitos filhos e filhas mas o que mais lhe doeu foi o facto de estar com todas e estas desconhecidas, contara-me que quase todas choraram quando ele lhes roubou a virgindade e ele também chorava… depois, mantendo-se na sombra para que ninguém o visse. Era um mundo ainda mais cruel do que aquele que nós conhecíamos, eles criavam “violadores” e não era por escolha nossa e tecnicamente, já não vivíamos porque aquilo, não era nenhuma vida, não, recusava-me a pensar que assim o fosse. Aquilo era uma guerra sem precedentes entre humanos e monstros aos quais nós chamávamos de vampiros. Mas estes nunca conseguiram ser os deuses que os livros caracterizavam para mim, deixaram de ser iguais. E por muito que realmente me custasse nunca pensei em mim… pensei sempre nos outros. Esta é a história de como os vampiros se apoderaram de toda a humanidade.
Olá, chamo-me Destiny Summer e esta á a história da minha morte…  

"No Encalço da Morte" - Diana Silva