segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O Parca Negra (29º Episódio)

Eram quentes e macios, os lábios dele sabiam como dar conta dos meus na perfeição.
As mãos ainda me prendiam as ancas e a curta distância que nos separava foi superada, o corpo dele colado ao meu. Uma das suas mãos acariciou-me a anca até ao fundo das costas e eu deixei-me levar quando num impulso ele me prendeu a si com um só movimento. O meu cabelo que ainda estava molhado começou a colar-se ao meu pescoço e as minhas mãos viajaram para as costas do Samuel. Queria-o ali ao pé de mim, senti-a que aquilo era tão errado mas sabia-me tão a certo.
Por breves instantes a confusão na minha cabeça abandonou-me um pouco, a consciência do que estava a acontecer no momento deixou de existir.
Ele estava ali, ele parecia a minha peça em falta, ele era o que me faltava no meu puzzle.
Ele afastou-se de mim um pouco.
- "Não... demasiado cedo..." - pensei.
Nos olhos dele existia chama, aqueles olhos azuis deixaram de ser gelo, para queimarem sobre os meus. Quem diria? O Peito dele mexia ao mesmo ritmo que o meu, as nossas bocas já não estavam unidas mas ainda tinha o Samuel agarrado a mim. Uma necessidade absurda surgiu-me nas entranhas, e eu soube instantaneamente que eu queria aquele homem e ia fazer de tudo para descobrir, reviver as memórias e trazer o passado ao de cima. Ia encontrar-me novamente com o médico.
Samuel, afrouxou um pouco o nó que tinha criado e puxou o banco.
- Senta-te. - pediu ele.
Não pensei duas vezes, e fiz o que ele me pediu, quando me sentei, as mãos deles voltaram ao seu lugar, afastando o cabelo colado à minha pele com cuidado e recomeçando a massagem. Estremeci de alivio e senti a minha cabeça a tombar, fechei os olhos.
Uma imagem começou a formar-se no meu cérebro.
Samuel deitado de barriga para baixo na cama e eu em cima dele a dar-lhe massagens para aliviar a tensão dele.
Parecíamos tão felizes naquela imagem.
Abri os olhos muito rápido e pousei as mãos nas dele, pedindo-lhe que fizesse uma pausa, o coração desacelerara mas a tensão ainda estava ao rubro por ali.
- Porque estás a fazer isto? - perguntei.
- Queres que pare?
Levantei-me e virei-me para ele, colei o rabo ao balcão para me dar mais alguma distância dele e para conseguir olhá-lo bem nos olhos.
- A questão não é essa, não me respondas com outra pergunta por favor.
Ele encostou-se ao lava-loiças de braços cruzados e... espera...
- Estás a fazer uma espécie de beicinho Samuel? - agora fui apanhada de surpresa.
Ele piscou os olhos e levantou as mãos em sinal de rendição.
- Pronto, tudo bem, estava só a brincar contigo, às vezes teres sentido de humor não te faz mal nenhum.
- Sim porque ter um homem feito a fazer-me beicinho é engraçado.
Pensando bem, comecei a rir-me da figura dele e ele sorriu, tinha feito o que ele queria, compreendi mais tarde.
- Agora a sério, vais parar de atrasar a resposta ou não?
- Fiz-te uma simples massagem porque estavas tensa Cass, nada mais nem nada menos que isso.
Pronto, até podia ser verdade e eu estar a ser paranóica, agora...
- E o beijo, foi para aliviar a tensão também?
O sorriso dele abriu imenso, tanto que nem imaginei possível, parecia o gato da Alice no pais das maravilhas, todos os dentinhos à mostra.
- Na verdade acho que surtiu o efeito contrário.
De inicio não entendi mas ele investiu novamente, aproximou-se de mim em três passos e certificou-se que dali eu não me mexia, tal qual prisioneira e era hum... bastante sensual.
- Não me esmurras-te por te beijar, depreendo que também queiras.
Como se não fosse bastaste óbvio. Não respondi, deixei-me estar calada, quis ver onde ele queria chegar, num segundo deixei de estar com os pés no chão e o meu rabo ficou sentado no balcão, mais uma vez apanhou-me desprevenida. Senti-me ousada, puxei-o para mim e falei.
- O quê que tu tens para me fazer esquecer a porcaria que aconteceu ontem à noite? Vi uma cabeça empalada no motor do carro da minha melhor amiga e no entanto aqui estás tu, um homem que diz ser o melhor amigo do meu irmão morto, que diz ter um passado de que não me recordo comigo, que já fomos mais do que somos e no entanto sem provas acredito em ti, porque me fazes sentir nostalgia. O que irei fazer contigo? Estás a fazer com que eu revele uma faceta minha à muito enterrada...
Samuel, deixou-se estar com a minha mão na cabeça dele, e encostado a mim, a sua boca foi até ao nível da minha orelha, mordeu o lóbulo desta o que me provocou um arrepio suave nos cabelos da nuca e depois sussurrou.
- Parece que já não vais para freira Cassandra, dá-te por feliz.


03:08
26/09/2017
Ter.

Diana Silva





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