domingo, 2 de setembro de 2012

"A Espada Samurai"

Chegara o momento...
Brandi a espada acima da minha cabeça, esventrando o ar e a linha de tempo finita que ressurgia no meio de ambos.
As flores de cerejeira, libertando o odor primaveril e as suas delicadas pétalas cobrindo a cima do sangue o chão de pedra.
O grito impulsionou as minhas pernas, a coragem impeliu-me para qualquer fim que viesse e foi então que tive a aprimorada visão do que antes fora o homem que amara, a correr na minha direcção, agora, de espada empunhada.
O primeiro choque aconteceu...
Cada qual lutou para aproximar a lâmina do inimigo e infelizmente sabia que ou era ele ou era eu.
Os seus peões jaziam no chão e éramos os únicos a permanecer de pé. O braço sofria de contusões e o flanco da punhalada, mas tudo isso era absorvido só pelo facto do seu olhar espelhar o meu que gritava vingança.
O seu cabelo castanho escuro estava desalinhado, a sua face que outrora possuiu uma beleza característica de homem jovem, agora era fantasmagórica. Tinha terminado.
Com um salto afastámos-nos e o seu quimono bailou com o vento.
A intriga de Samurais era algo que dependia muito de cada oponente. Uns trabalhavam com honra, ele... não precisava dela.
O medo já não me alcançava e o sentimento de rancor aguardava para que chegasse ao seu coração e a minha espada era o que levaria ao seu encontro.
As mechas do meu cabelo estavam soltas e respirei fundo, fechei os olhos e a dança mortal que nos inspirava os pés continuou.
Um ataque... e mais outro... e novamente outro...
As espadas tilintavam e arranhavam-se mutuamente, brilhavam debaixo da noite estrelada de lua cheia.
- Porque não desistes e aceitas a tua morte?! - Insistiu a voz coberta de veneno.
Olhei-o nos olhos e sorri... um sorriso morto, sem emoção.
- Irei morrer sim... um dia... mas não a teus pés.
Outro empurrão e ele desequilibrou-se. Vi a minha oportunidade...
As espadas enterraram-se.
Trespassei-lhe o peito, o rio escarlate a cair como uma fonte aberta, os seus olhos pareciam poços negros descobertos e a boca escancarada de dor.
- Sua... - tentou ele falar entre soluços avultados de sangue.
- Morre!
A espada dele cravara-se no meu abdómen, logo, ao enterrar a minha espada nele, enterrara a dele também em mim. Silvei mas fui rápida e eficaz.
A sua face ficou lívida, o seu corpo imóvel, os seus olhos vitreos sem expressão a reflectir o céu.
Acabou...
Retirei a espada e voltei a embainha-la depois de limpar o sangue que a manchava no quimono azul do que fora e agora permanecia no meu passado. Expirei e tapei a ferida aberta quando as tonturas me desequilibraram.
Cai no chão enquanto respirava compulsivamente.
Acabou...
Deitei-me nas pedras desniveladas e observei a paisagem macabra. Corpos no chão, o sangue a manchá-lo, as pétalas a saborear o tempo primaveril e o vento, enquanto se deixavam repousar nos corpos e no chão sangrento.
Era uma visão... uma decisão tomada... um fim com consequências medidas.
A visão tornou-se turva e o coração a bombear menos do que devia, ou então a expelir para fora o que eu precisava no momento.
Fechei os olhos, aceitando a derrota depois de um objectivo concretizado.
Senti a promessa de paz a abraçar-me ao mesmo tempo que o frio me retinha.
Acabou...
Morri...
Venci...

Diana Silva  2.09.2012 21:34h Dom.



    

6 comentários:

  1. Olá Diana :)
    Gostei de ler, começou logo com alguma intensidade e bastante sentimento prendendo-me à leitura.

    Ps. Se não me engano deves ter comido letras, ou algo do género, revê o texto :)

    Continua :D

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    1. Olá Sofucada :D

      Muito Obrigada pela opinião e ainda bem que gostas-te.
      Obrigada também pelo aviso, são destas pequenas falhas que me deixam possessa às vezes xD Obrigada :D

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    2. Mas não sejas muito dura contigo (nessas pequenas falhas), eu própria fico enervada quando escrevo banalidades no meu blog e como letras ou mando um pontapé no português.
      Há vezes em que é do entusiasmo de escrever, com medo de perder o raciocínio :P

      Ora essa :)

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    3. É verdade, o entusiasmo para mim é tudo :P. E nem sou muito exigente comigo até porque adoro divertir-me com uma das coisas que mais amo na minha vida :3, mas detesto não reparar nos erros mesmo depois de ter lido xD... E Concordo! :D Bjos

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  2. Diana, muito bom :)
    Concordo com a Sufocada: revisão é precisa.
    Sei que é uma dor de cabeça, mas partilhamos a tua dor :D

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    1. O Pior é mesmo rever e falhar algo que os nossos olhos não captam no momento x, Obrigada Liliana e sinto-me compreendida (a rir-me de mim própria e de um pouco de ironia) XD

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